“Ver e Voar”: Pessoas com deficiência visual de São Gonçalo vão inaugurar exposição

As pessoas com deficiência visual da Cadevisg produzem peças para decoração e de utilidades doméstica.

Foto: Leonardo Ferraz

A arte é uma das formas de demonstrar as emoções. Mas já imaginou ver obras feitas por pessoas que não possuem o sentido da visão e assim confeccionadas apenas pelo tato? Essa é a proposta de um grupo de pessoas com deficiência visual do Centro de Apoio ao Deficiente Visual de São Gonçalo (Cadevisg), no Porto Velho, que irá realizar abrir uma exposição de peças de argila no próximo dia 4 de novembro, às 14h.

O tema da mostra é “Ver e Voar”, que explora a memória visual guardada na mente de cada pessoa com deficiência, através de uma viagem na imaginação para modelar na argila o trabalho desejado.

“Esse não é apenas um tema, mas uma condição de vermos. Quando voamos, soltamos a imaginação, dando condições de desenvolvermos nossa arte. Deixamos o coração aberto, a mente voar e as mãos virem para que tudo possa ser mostrado”, contou a professora da oficina e vice-presidente da instituição, Nilza Martins, de 58 anos.

Serão expostas mais de 30 peças de 10 artistas da Cadevisg, com formatos de aves, como galinhas, galos ou pássaros, sem a preocupação de não estar exatamente na forma proposta. As mesmas servem para decoração de cozinha, porta-treco, porta-copo, entre outros. “Deixamos eles livres para estabelecerem o que tiverem vontade. Nilza desenvolve o tema, e a pessoa se descobre aqui um verdadeiro artista”, completou a coordenadora do projeto, Garrolice Alvarenga, 58, que é mestre em diversidades e inclusão.

A execução do trabalho nas peças de argila começou em março e foi trabalhado durante todo o ano. As artes ficarão expostas em caixotes lixados com materiais elétricos pelos próprios alunos com deficiência visual, na Galeria João Carlos Lemos, na própria associação. Todas as peças poderão ser adquiridas durante a exposição, e os proprietários terão 15 dias para fazer a retirada na Cadevisg. Os valores das peças ainda não foram estipulados, mas toda a renda será doada para a oficina, com objetivo de comprar argilas e materiais necessários para a confecção de novas peças.

Por Daniela Scaffo

Fonte: O São Gonçalo.