Paralimpiada

Depois de trabalhar 16 anos com atletas paralímpicos, Sheila Salgado, fundadora do CVI-Rio, falou sobre sua emoção em ver uma Paralimpíada acontecendo no Brasil. “A Rio 2016 foi um sonho que nunca ousei sonhar”, ela exclama. Entrevistamos Sheila logo após o término dos jogos e ficamos encantados com sua alegria em participar de um dos maiores eventos da história do nosso país. Confira a entrevista logo abaixo:

Quais Paralimpíadas você participou?

Estive na Paralimpíada na Inglaterra em 84, em Seoul na Korea em 88, em Barcelona no ano de 92 e em Atlanta em 96. E agora na Rio 2016 como expectadora apaixonada!

Com toda a sua experiência, você imaginava que um dia os Jogos Paralímpicos aconteceriam aqui no Brasil?

A Rio 2016 foi um sonho que nunca ousei sonhar! Ver minha cidade em festa, meu país brilhar como o sol, ver um público curioso, vibrando como o coração do Vik Muniz na abertura dos jogos e, principalmente, ter um recorde de bilheteria! Meu coração está forte para resistir bravamente tanta emoção! Para mim, a Paralimpíada é sem dúvida o maior evento da Terra em que reunimos não só a diversidade, mas também a alegria de viver juntos, de celebrar os desafios oferecidos pela vida e, principalmente, de mostrar a todos a capacidade humana da resiliência. Somente hoje volto a minha vida normal! A alegria vivida na Rio 2016 carregou minhas baterias de ter esperança na mudança, na nossa capacidade de realização e na nossa perseverança! Vamos lá Brasil mudar a nossa vida no próximo domingo (eleições municipais em todo o Brasil) com sede de lutar por um mundo mais justo, mais livre. Porque ter o coração verde amarelo é uma das maiores honras de estar aqui na Terra aprendendo sobre amar, crescer e aprender.

Como foi para você ter uma Paralímpiada acontecendo no seu país?

Espero que toda a energia mobilizada pela Paralimpíada possa ter tatuado a alma dos brasileiros. Batemos o recorde de bilheteria e celebramos, mesmo com todas as nossas dificuldades políticas atuais, uma grande festa e mostramos para o mundo a nossa criatividade, nosso desejo profundo de sustentar um mundo para todos e, principalmente, a nossa esperança. Espero que cada um de nós realize o seu papel, honrando nossa contribuição social para construir o grande quebra-cabeça sugerido na linda e delicada abertura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Vamos lá brasileiros, o esporte desenvolve muitos valores e nos mostra o outro que habita em cada um de nós. Tenho certeza que esta medalha de ouro (falando sobre a vitória da equipe brasileira de Bocha) foi despertador em muitos corações, como o da nossa querida Laís que encantada, já desejou se tornar uma atleta de bocha para tentar ir à próxima Paralimpíada em Tóquio.

Qual o legado, material e imaterial, que você espera que as Paralimpíadas deixem para o esporte brasileiro?

Tenho certeza que ninguém que teve a oportunidade de participar de alguma competição se tornou uma pessoa mais ampla. Tenho certeza que a diversidade tenha se tornado um assunto comum na vida dos cariocas… tenho certeza que muita gente que por sentimentos não tão nobres agora pode olhar para as pessoas com deficiência como um espelhamento de partes  muito especiais  que habitam nosso interior como a alegria de dar a volta por cima, a capacidade de transformar a dor da perda em energia de movimento de alegria e prazer e, principalmente, a confiança  de que tudo está em seu lugar e cada um de nós podemos realizar o que nosso coração deseja mesmo que tenha que se reinventar.




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