Teatros e espetáculos com acessibilidade em libras ganham destaque e adeptos em Brasília, seguindo diretriz de lei federal
O teatro está lotado. As luzes se apagam, as cortinas se abrem e os atores entram em cena. Com eles, também se posiciona no palco Tatiana Elizabeth, tradutora intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras). Tatiana, então, inicia o seu trabalho: transmitir as emoções do que é encenado àqueles que não escutam.
O público presente se mistura entre ouvintes e pessoas com deficiência auditiva, que agora frequentam as salas de teatro do Distrito Federal por oferecerem, além de diversão e cultura, acessibilidade, ou seja, por disponibilizarem intérpretes durante todo o espetáculo.
Tatiana explica que o número de pessoas com deficiência auditiva que procuram eventos culturais acessíveis têm crescido na capital. “Quando bem divulgado, onde tem peça, um público de 20 a 30 surdos estão presentes”, disse. “São pessoas muito boas de trabalhar porque o feedback vem na hora, eles interagem com a gente”, completa.
A iniciativa de sucesso no teatro de Brasília vai ao encontro de leis federais e políticas públicas de inclusão de deficientes. Na quinta (3), Dia da Pessoa com Deficiência, a Secretaria de Direitos Humanos lançou vídeos da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência em Língua Brasileira de Sinais (Libras). É a primeira vez que o governo brasileiro realiza a tradução de uma legislação em vigor para portadores de deficiência auditiva.
Inclusão para todos
Patrocinada pelo Fundo de Apoio à Cultura (Fac), a peça Encontro às Escuras, do diretor Guilherme Monteiro, teve a presença, em toda a temporada, de um intérprete de libras. Guilherme conta que, ao inscrever o projeto para o Fac, destacou que seria fundamental que houvesse acessibilidade. “Eu também sou professor, então sempre penso na inclusão e acessibilidade para meus alunos, com todos os tipos de deficiência”, explica.
Ao final de cada apresentação, o diretor e os atores se reúnem com o público para conhecerem suas impressões. Segundo Guilherme, o retorno tem sido melhor do que o esperado. “Vários surdos que moram perto do teatro tinham curiosidade de ver alguma peça, mas nunca tinham ido por falta de acessibilidade. Agora, com essa oportunidade, eles não só vão uma vez, como várias vezes”.
William Tomaz, intérprete de libras que divide o palco com Tatiana na peça Encontro às Escuras, explica a importância do seu trabalho para a cultura acessível. “A maioria da nossa sociedade é ouvinte, então, raramente pensa em acessibilidade em língua de sinais, e participar do processo de criação de espetáculos com libras tem um sentimento diferente, é muito especial”.
Lei de Acessibilidade
De acordo com o Decreto 5.296/2004 que regulamenta as Leis nº 10.048 e nº 10.098, ambas de 2000, é necessário que haja em lugares públicos serviços de atendimento para pessoas com deficiência auditiva, como pessoas capacitadas em Língua Brasileira de Sinais (Libras) ou intérpretes, para aquelas que não se comuniquem em libras, e para pessoas surdocegas, prestados por guias-intérpretes ou pessoas capacitadas nesse tipo de atendimento.
Fonte: Portal Brasil.