Beth Caetano: Como foi ou está sendo reconhecer seu corpo como mãe?
Juliana Oliveira: Me senti muito linda durante as duas gravidezes! Claro que após a amamentação meus seios já não são mais os mesmos e a gente tende a engordar um pouco, mas acho que tudo isso aconteceria mesmo sem ser mãe.
Beth Caetano: Fale um pouco de suas expectativas.
Juliana Oliveira: Eu tinha muitas expectativas sobre a amamentação: se eu seria capaz de segurar um bebê, mas foi tudo perfeito. Minha primeira filha nasceu prematura e bem pequena, então, fui exercitando os braços aos poucos. Ela mamou até um ano e dois meses.
Já a segunda, como nasceu mais prematura ainda, me trouxe o desafio de mamar no peito depois de conhecer o complemento alimentar fornecido na UTI Neonatal, onde ficou por três semanas. Consegui que ela mamasse até nove meses.
Beth Caetano: Qual o maior desafio para você em ser mãe com deficiência?
Juliana Oliveira: É o de educar usando apenas a voz. É o grande desafio que ainda vivencio e sei que vai durar bastante. É muito difícil ver os filhos te desobedecerem e não conseguir agir fisicamente tirando algo de suas mãos, por exemplo. Agora que estou separada, sinto ainda mais, pois não tenho a quem pedir socorro. Tenho ensaiado formas de driblar isso, sempre com muita conversa e carinho. E alguns palavrões também!
Beth Caetano: Teve algum período de adaptação na relação com suas filhas?
Juliana Oliveira: Elas mesmas naturalmente se adaptaram a mim, sempre inventando maneiras de brincar e escalando a cadeira com a maior facilidade. Aprenderam a fazer várias coisas sozinhas antes de outras crianças, pois muitas vezes eu só ajudava com a teoria.
Por Beth Caetano