Ontem, minha colega Izabel Maior, médica fisiatra e tetraplégica, publicou um áudio no grupo Inclusão onde enfatiza todos os cuidados que as pessoas com deficiência devem ter em relação ao COVID-19. Gostaria de ressaltar uma de suas falas e me dirigir especialmente aos médicos. Esse assunto está relacionado a matéria aqui publicada.
O que me preocupa em particular é como os nossos colegas, muitos sem experiência em lidar com as pessoas com deficiência, irão nos atender. Espero que a tragédia que atingiu a Itália, Espanha e Estados Unidos, onde os profissionais da saúde tiveram que escolher em quem colocar no respirador, não chegue por aqui. A escolha de Sofia poderá cair sobre os nossos companheiros. A maioria dos trabalhos sobre referencial ético estudam essas escolhas. A idade é um dos fatores que induz a opção pelos mais jovens quando pessoas estariam correndo igual risco de vida e necessitam o tratamento de emergência. Pela ordem priorizam crianças, jovens, mulheres, entre essas as casadas.
Essa tomada de decisão envolve os princípios éticos de vulnerabilidade, utilidade social e equidade. A avaliação dessas variáveis na hora da escolha nos coloca em nítida desvantagem, em virtude do olhar que a maioria das pessoas tem em relação às pessoas com deficiência. A ética utilitarista é quem orienta as justificativas para as escolhas feitas. Fica o meu alerta com essa reflexão.