Um dia desses, uma matéria sobre uma pessoa com deficiência sendo ajudada a tomar um sorvete num shopping chamou minha atenção! Um rapaz com sequelas de paralisia cerebral que usa cadeira motorizada e tem comprometimento da fala, saiu em sua cidade para ir dar uma volta como sempre faz, exercendo sua autonomia adquirida com o seu equipamento e, mais ainda, pela sua determinação e assertividade de ser quem ele é, do jeitinho que é, com todas e quaisquer diferenciações do padrão e modelo de normalidade estabelecidos como normal pela sociedade e reforçados pela mídia.
Fiquei perguntando-me que tamanha necessidade é essa que os meios de comunicação têm de espalhar e divulgar cada vez mais informações que acabam reforçando o estereótipo da pessoa com deficiência carregado de pieguice e penalização para a mesma sociedade tão adoecida e equivocada.
Talvez por banalizar tanto a violência e usá-la como moeda de potencialização para o comércio de notícias, a mídia tenha que premiar com um bônus o simples ato de fazer o que deveria ser absolutamente óbvio e natural, colocando no mesmo patamar a pessoa que ajuda o outro com aquele que se sente obrigado a fazê-lo para ser recompensado.
Há muitas perguntas que talvez nunca tenhamos as respostas. Por favor, se alguém souber responder que caminhos são esses que não nos levam a lugar algum, na verdade, nos mantem estagnados em uma paralisia? Parece que estamos sempre assistindo um filme em que ainda se acredita que existe a turma do “bem” que vem com uma cavalaria salvar os desfavorecidos da turma do “mal”.
Por Beth Caetano