Trama aborda as fantasias e tabus sexuais de quatro personagens cegos
Em cena, as fantasias e tabus sexuais de quatro personagens cegos, num jogo erótico-afetivo onde imagem e som atuam ao mesmo tempo. ‘Volúpia da Cegueira’ está em cartaz no Teatro Municipal Maria Clara Machado e traz no elenco dois atores que são, de fato, deficientes visuais, propondo uma inversão de papéis entre eles e o público.
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– Estudos mostram que, para a maioria das pessoas, os cegos são seres praticamente assexuados. Eu nunca tive essa impressão, pelo contrário. Meu tio ficou cego aos 18 anos, no auge de sua descoberta sexual e continuou sendo muito ativo mesmo depois de desenvolver a cegueira – conta o diretor Alexandre Lino.
A vontade de voltar à pauta veio depois de ler o livro de contos eróticos ‘Tripé do Tripúdio’, de Glauco Mattoso – cego homossexual e masoquista assumido. A partir daí, Lino começou a devorar livros e filmes sobre o tema e resolveu convidar o autor Daniel Porto – o mesmo de ‘O Pastor’ e ‘Acabou o Pó’ – para escrever a peça. Foi assim que nasceu ‘Volúpia da Cegueira’, uma experiência sensitiva, que resgata da realidade o material essencial para sua dramaturgia, tentando desmitificar o que se passa na cabeça das pessoas em relação à intimidade dos que não enxergam com os olhos.
– Apesar de poética, a peça também tem um caráter documental forte, que está presente em todos os meus trabalhos. A ideia é tentar mostrar que quando estamos falando de sexo, pelo menos nesse campo, ser cego ou vidente não faz diferença – explica o diretor.
Lino optou por ter no elenco atores videntes e cegos sem, no entanto, identificar quais têm a deficiência, ou não. Além disso, no início da sessão, o público recebe vendas para os olhos, dando a chance para todos experimentarem a sensação da escuridão plena vivida pelos atores em cena.
Fonte: G1.