Wings for Life

Adriana Oliveira e João Victor Gomes, vencedores entre
os cadeirantes com 12 e 20km respectivamente

 

Por José Carlos Morais

“Entrei no Aterro do Flamengo cansada, as mãos me doíam um pouco e sentia bolhas nas pontas dos dedos. Tocar a cadeira de rodas em ruas inclinadas lateralmente acaba por forçar mais um lado do meu corpo. Percorri toda a orla do Leblon, Copacabana e a praia de Botafogo e curti cada pedacinho desse Rio maravilhoso. Depois de 12km, cansada mas feliz fui finalmente alcançada pelo carro da organização e informada que eu era o primeiro lugar entre as mulheres cadeirantes. Exaltei de alegria”.

O depoimento de uma Adriana emocionada por viver esses momentos também está associado ao significado do Wings for Life Word Run, um evento mundial em prol das pesquisas para a cura das doenças medulares espinhais. Corrida simultaneamente em 23 países ocorria pela sexta vez no Brasil, sendo a segunda no Rio de Janeiro.

O dia amanheceu lindo, desses que só o outono é capaz de nos oferecer. Nenhuma nuvem se atrevia a ficar no céu. Eram 8h da manhã na praia quando a festa começou. Uma confraternização de todas as idades, onde cadeirantes, como participantes especiais pelo objetivo da corrida, se misturavam num jogo de cores e sons. Meia hora depois o carro da organização saía do mesmo local a uma velocidade de 15km/hora. A cada meia hora a velocidade do carro aumentava em um quilômetro. À medida que os corredores eram alcançados pelo carro (catcher car) era o fim da corrida. Você recebia a medalha da participação e ficava sabendo a distância percorrida. Depois de cinco horas de corrida a velocidade do “carro coletor” já era de 35km/hora e a corrida terminou assim que o último corredor foi ultrapassado.

No final eram todos vitoriosos. O sorriso impresso em cada rosto noticiava a alegria dos corredores. Nesse dia memorável a palavra limitação não merecia ser pronunciada. O que vimos foi cada um procurar o seu limite, para depois ostentar vaidoso no peito a medalha conquistada.

Mais tarde foram divulgados os resultados no resto do mundo e ficamos sabendo que o russo Ivan Motorin correu 64,37km e foi o vencedor da prova. Entretanto o recorde da prova pertence ao cadeirante sueco Aron Anderson que, em 2017, só foi alcançado na fenomenal distância de 92,14km. Ano passado repetiu a vitória com incríveis 89,85 km. Sua vitória ainda é  mais impressionante pelo fato de que ele fez isso em uma cadeira de rodas normal.

Mas, o grande ganhador mesmo foi o projeto que colocou centenas de milhares de pessoas para participar por uma causa nobre que transformou a taxa das inscrições em uma doação de 3.5 milhões de euros para a pesquisa das lesões medulares.

 




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