Mundial de surfe adaptado

Davi Teixeira, que tem a síndrome da banda amniótica, ganhou a admiração do atual campeão mundial ao se superar sobre as ondas. Ele vai assistir à etapa de Trestles

Davi Teixeira, de apenas 10 anos, controla as ondas mesmo com limitações (Foto: Regina Tolomei)

O pequeno Davi Teixeira, de 10 anos, encantou o mundo do surfe durante a etapa da Liga Mundial de Surfe (WSL) no Rio de Janeiro, em maio deste ano. Davizinho nasceu com a síndrome da banda amniótica, uma má formação nos braços e pernas, mas superou todos os obstáculos e surpreende ao encarar as ondas sozinho. O garoto chamou a atenção do atual campeão mundial Gabriel Medina e, da admiração por sua história de superação, surgiu uma amizade que ganhará novos capítulos nas próximas semanas.

Davizinho foi convidado para disputar o Mundial de surfe adaptado, realizado pela International Surfing Association (ISA). Sua primeira competição desde que começou a surfar. Os pais não tinham condições de arcar com os custos de uma viagem internacional até San Diego, na Califórnia, e um empresário ligado a outros atletas do surfe e encantado com Davi pagou esses custos. Davizinho terá a chance de reencontrar Gabriel Medina e acompanhar a etapa de Trestles do Circuito Mundial, a partir do dia 9 de setembro, também na Califórnia.

Ele fica lá até o dia 22, quando vai para San Diego, onde compete na categoria amador. Mas, apesar da ajuda, Davizinho ainda busca outros apoios. A inscrição no campeonato custa US$ 300 (cerca de R$ 1.200) e há ainda os custos do envio da prancha dele pela companhia aérea e a alimentação durante o torneio. A hospedagem em San Diego foi prometida por uma agência de publicidade. Na “correria”, a mãe de Davi, Denise Teixeira, está tão ansiosa quanto o menino.

– Todo mundo está me perguntando: “Que isso, você vai? Ele tem apenas 10 anos e vai sozinho?”. Mas ele adora competir, tudo que faz gosta de fazer bem e está ansioso para esse evento. Ele foi convidado, mas não tinha como pagar a passagem. Tudo isso gerou uma expectativa muito grande. Eu, como mãe, vou em busca dos sonhos dele. Acredito no potencial dele. O Medina é uma inspiração para ele, e ele é uma inspiração para o Medina. Isso é muito bom para os dois. Mas precisamos arcar com a inscrição do torneio e a taxa de envio das pranchas na companhia aérea – disse Denise.

Davizinho reencontrou o ídolo Medina nos bastidores do Rio Pro, na Barra da Tijuca

(Foto: Carol Fontes)

Empolgado para o seu primeiro campeonato, Davizinho promete não ir até San Diego apenas para se divertir. O perfil de

competidor o faz pensar em resultados.

– Estou muito empolgado para esse campeonato. “Caraca”. É o primeiro campeonato que vou disputar fora do país. Nunca viajei para fora do país. Aqui no Brasil também nunca participei de um campeonato, só faço o surfe mesmo. Eu vou para competir. Eu surfo muito, não vou para brincar. Vai ser a melhor coisa do mundo. Estou ansioso. Vou lembrar pelo resto da minha vida – afirmou o pequeno.

A HISTÓRIA DE DAVI TEIXEIRA

A síndrome da banda amniótica é uma rara patologia congênita, provocada pelo aprisionamento de partes do feto no útero, e que atinge 1 em cada 1.200 indivíduos. A sua causa é acidental, já que não há fatores hereditários ou genéticos envolvidos. A mãe de Davi, Denise Teixeira, teve o diagnóstico do filho aos cinco meses de gestação e, no início, se preocupou com as possíveis limitações. Após o nascimento, ela sempre o incentivou a praticar esportes e hoje é ele quem influencia a irmã mais velha, sem necessidades especiais, a surfar e andar de skate.

– Quando eu soube da deficiência do meu filho, levei um susto e fiquei muito preocupada. Mas, depois que ele nasceu, comecei a dar asas a ele. Hoje, o Davizinho é atleta paralímpico do Vasco da Gama, faz aulas de surfe, é skatista, tem uma vida completamente normal, como qualquer outra criança. A irmã dele, Carolina, que tem medo de tudo e está começando a praticar esportes graças a ele, que é bem corajoso – disse Denise à época.

Fonte: Globo Esporte.