Inclusão nas escolas: o desafio entre o ideal e o real

Uma sociedade inclusiva é aquela capaz de contemplar sempre, todas as condições humanas, encontrando meios para que cada cidadão, do mais privilegiado ao mais comprometido, exerça o direito de contribuir com seu melhor talento para o bem comum. 

Apesar de ser uma definição clara, objetiva e contundente, a inclusão escolar de pessoas com deficiência ainda está longe de ser alcançada. É muito comum vermos em nossas escolas um ambiente mais de competição e, consequentemente, exclusão do que inclusão e acolhimento. Como disse Kunc (1992): “o princípio fundamental da educação inclusiva é a valorização da diversidade e da comunidade humana. Quando a educação inclusiva é totalmente abraçada, nós abandonamos a idéia de que as crianças devem se tornar normais para contribuir para o mundo”.

Inclusão Ideal

Em Janeiro de 2008, um grupo de trabalho formado por especialistas em educação elaborou um documento de 19 páginas que foi entregue ao Ministro da Educação com o que deveria ser a política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Vejamos alguns pontos:

Esses seriam alguns pontos importantes para se alcançar uma educação inclusiva ideal, mas ainda estamos longe disso…

Inclusão Real

No censo escolar de 2017, o número de matrículas de crianças com deficiência na educação básica foi de 827.243. O índice vem apresentando crescimento há quatro anos consecutivos. Mas, apesar disso, a estrutura das escolas ainda é insuficiente. Segundo dados do Censo Escolar da Educação Básica 2017, o índice de inclusão de pessoas com deficiência em classes regulares, o que é recomendado, passou de 85,5% em 2013 para 90,9% em 2017. A maior parte dos alunos com deficiência, no entanto, não tem acesso ao atendimento educacional especializado. Somente 40,1% conseguem utilizar o serviço.

Se compararmos com 2013, o ensino médio conseguiu quase dobrar o número de matrículas de pessoas com deficiência, passando de 48.589 para 94.274 em 2017. Mas esse grupo ainda corresponde a um percentual irrisório do total de matrículas na etapa, apenas 1,2%. Quando chega à escola, no entanto, muitas vezes o aluno não encontra aparatos para atendê-lo. Somente 46,7% das instituições de ensino médio apresentam dependências adequadas para esse público. O banheiro adequado para pessoas com deficiência só existe em 62,2% dessas escolas.

No ensino fundamental, o percentual de matrículas de alunos com deficiência em relação ao total é de 2,8%, índice maior que no médio, mas o ritmo desse crescimento foi menor. Enquanto em 2016 o número de matrículas era 709.805, no ano passado esse número era 768.360.

As matrículas de pessoas com deficiência também aumentaram na educação infantil. Em 2016, eram 69.784 e no ano seguinte passaram para 79.749. Observando a série histórica, a inclusão desses estudantes em classes regulares também cresceu, passando de 71,7% dos alunos para 86,8%, só que existe problemas na falta de estrutura. Somente  26,1% das creches e 25,1% das pré-escolas têm dependências e vias adequadas a alunos com deficiência. E banheiros adequados estão presentes em apenas 32,1% das escolas de educação infantil.

O Desafio

O maior desafio entre a inclusão educacional ideal e real é a infraestrutura necessária para dar qualidade ao ensino. Não adianta ter quantidade sem qualidade. Fazer com que a escola seja vista como um ambiente de construção de conhecimento, deixando de existir a discriminação de idade e capacidade também são fundamentais para o desenvolvimento social mútuo. Para isso, a educação deverá ter um caráter amplo e complexo, favorecendo a construção ao longo da vida, e de todo aluno, independente das dificuldades.