Gol e Infraero são punidas por cadeirante se arrastar em embarque

Aeroporto de Foz do Iguaçu e Gol não dispunham de stair trac e ambulift. Gol não comentou autos de infração; Infraero já comprou equipamento.

(Foto: Flavio Moraes/G1)

A Gol Linhas Aéreas e a Infraero serão multadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em até R$ 230 mil pelo embarque irregular de uma passageira com deficiência física em um voo entre Foz do Iguaçu, no Paraná, e São Paulo. Cabe recurso.

A coordenadora de comunicação Katya Hemelrijk da Silva, que é cadeirante, precisou se arrastar pelas escadas para poder embarcar em dezembro de 2014. Na época, o relato do incidente feito pela cadeirante em uma rede social chamou a atenção dos internautas. A Infraero disse não ter recebido a notificação da Anac.

Em nota, a Gol afirmou tomar as medidas necessárias para evitar que problemas semelhantes voltem a acontecer, mas disse não comentar autos de infração.

Os 11 autos foram emitidos com base em descumprimentos da Resolução n° 280/2013 da Anac, que dispõe sobre os procedimentos relativos à acessibilidade de passageiros com necessidade de assistência especial no transporte aéreo.

A Infraero poderá pagar até R$ 80 mil em multas relativas a cinco autos. Enquanto a Gol poderá pagar até R$ 150 mil segundo os seis autos emitidos. A Gol e a Infraero terão 20 dias corridos para apresentar defesa, contados a partir do recebimento dos autos. Os valores a pagar, no entanto, serão definidos após análise das defesas.

De acordo com a Infraero, essa resolução determinava, em 2014, que “os procedimentos de embarque e desembarque eram de responsabilidade das empresas aéreas, podendo a Infraero oferecer suporte de infraestrutura quando necessário”.

A partir de 2015, resolução estabelece que a administração do aeroporto ofereça o equipamento para embarque e desembarque de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

Em nota, a Infraero afirmou que adquiriu 15 ambulifts para os aeroportos da rede. Uma das unidades entrou em operação no início de 2015 no aeroporto de Foz de Iguaçu..

(Foto: Flavio Moraes/G1)

Constrangimento

Katya Hemelrijk da Silva falou sobre os problemas nos equipamentos stair trac e ambulift – utilizados para o transporte de deficientes até o interior dos aviões- em sua página no Facebook. Segundo ela, no momento do check-in ela escutou dois funcionários dizendo que a stair trac estava desligada. Na época, o aeroporto não contava com um ambulift.

“Na hora de embarcar, a mulher falou que o gerente queria conversar comigo. Ele me deu três alternativas: ou eles me subiam no braço, ou me levavam na própria cadeira, com dois me carregando, ou eu teria que esperar o próximo voo, que daria tempo de carregar o aparelho”, contou. Ela então negou as três.

Com mais de 200 fraturas ao longo da vida, Katya optou por se arrastar pela escada por ser o método mais seguro. “Se fosse para alguém me carregar, seria meu marido, mas mesmo assim não é a solução ideal. A escada estava escorregadia com o sereno. E como eu tenho esse problema dos ‘ossos de vidro’, qualquer forma que me peguem, uma forma mais bruta, acaba me machucando”, completou.

Na época, Katya afirmou não ter a intenção de ser indenizada, mas de querer uma melhora no atendimento para os deficientes. “Deixei claro desde o começo que não queria nada deles, que dinheiro, passagem de graça, nada resolve o meu problema. O que eu quero é que eles saibam atender, que precisam melhorar a estrutura”, contou.

Fonte: G1.