Certa vez o sorridente Humberto emprestou um livro aos amiguinhos da Turma da Mônica. Ao devolverem o exemplar, Cascão disse, usando a Língua Brasileira de Sinais (Libras), que adorou, assim como a Magali. Humberto agradeceu: Hum! Hum!. Além dos gestos, é assim que o personagem surdo se comunica.
A partir desse episódio, a turminha aprendeu a conversar com Humberto. Através de histórias como essa o quadrinista Mauricio de Sousa tem levado ao mundo dos quadrinhos a inclusão social de pessoas com deficiência.
O garotinho chegou às tirinhas nos anos 60, mas outros personagens surgiram décadas mais tarde, quando Mauricio começou a pesquisar a fundo determinadas deficiências antes de introduzir novos coleguinhas à Turma. “Foi distração minha não criar anteriormente. Quando me dei conta fui estudar, falar com pessoas que viviam isso”, admitiu.
“As limitações são ditadas por preconceito e ignorância da própria família. Isso precisa ser derrubado”, concluiu. Mauricio contou que durante a infância conviveu com amigos cadeirantes, como o Luca, e cegos, assim como a Dorinha, inseridos na Turma nos anos 2000.
Mauricio teve o cuidado de não deixar de fora as crianças com autismo criando o André, conhecido nos gibis como “um amigo diferente”. E faz questão da interação entre os personagens, como na vez em que Dorinha tocou no rosto de Tati, com síndrome de Down, para conhecer a nova colega.
“Procuro aproximar as crianças com os personagens. Mostrar que alguém com deficiência lida bem com isso e pode ter uma vida normal”, afirmou. E até se inspirou em histórias reais para criar Dorinha, em homenagem a Dorina Nowil, uma mulher que perdeu a visão quando criança.
E Tati, uma homenagem à Tathi Heiderich, filha de Patrícia e Fernando Heiderich, coordenadores do Instituto MetaSocial. O quadrinista não pensa em novos personagens por enquanto, mas quer explorar os Jogos Paralímpicos 2016. Então, boas aventuras para Dorinha e Luca vêm por aí.
Fonte: Casa Adaptada.