facebook_cegosNo início, o que mais havia na Internet era texto. Hoje, há cada vez mais fotos. Estima-se que 1,8 bilhão de novas imagens por dia ganham para redes sociais como o Facebook, Twitter e Instagram.

Pessoas com problemas de visão ou cegos usam softwares sofisticados, os chamados “screenreaders”, para saber o que está online. Os programas leem o texto das páginas, transformando em áudio ou braile (que será lido com interfaces manuais). Mas não podem descrever imagens: o melhor que podem é ler descrições, em geral marcadas em redes sociais com #paracegover. Um novo sistema do Facebook, lançado nesta terça-feira, pode mudar isso. É uma ideia de Matt King, um engenheiro da rede social que ficou cego devido a uma retinite pigmentosa, condição que destrói as células sensíveis à luz na retina.”Muita coisa que acontece no Facebook é extremamente visual, e como cego, você pode realmente se sentir fora da conversa, como se nem estivesse lá”, diz ele em entrevista à BBC.

A tecnologia que King e sua equipe desenvolveram usa um software interno do Facebook para decifrar textualmente o que uma imagem contém. O sistema já foi treinado para reconhecer coisas como diferentes tipo de comida e veículos, mas está disponível no momento apenas para sistemas iOS e em algumas regiões.

“A inteligência artificial avançou até esse ponto, no qual é prático para nós tentar fazer computadores descreverem imagens de um jeito significativo. Ainda estamos em estágios iniciais, mas está nos ajudando a ir para uma direção onde o objetivo é incluir todos que querem participar da conversa”, afirma o americano de 49 anos.

Atualmente, o sistema descreve imagens em termos básicos: “Há duas pessoas nessa imagem e eles estão sorrindo”, mas o software está treinado para reconhecer cerca de 80 objetos comuns, como carros, trens, comida e ambientes de montanha, água e praia, assim como esportes como golfe, natação e tênis. As imagens são descritas na função “texto alternativo”, ou “Alt text”, em cada foto. Aqui entre a inteligência artificial: quanto mais imagens escanear, mais sofisticado será, com mais precisão.

Em março, o Twitter ativou uma função parecida, mas manual: usuários podem acrescentar o al text em suas fotos, as descrevendo. Mas embora as descrições possam ser melhores (já que estão sendo feitas por pessoas), o sistema exige que o usuário aja para descrever, enquanto o novo sistema do Facebook é automático.

King e sua equipe gostariam que o software fosse além e usasse o reconhecimento de rostos para identificar automaticamente por nome quem está na foto. Mas outros resistem porque seria uma violação de privacidade marcar pessoas sem autorização nas imagens.

Para King, é uma questão de princípios: pessoas com problemas de visão e os que veem deveriam ter acesso igual ao que é postado on-line. Quem vê sabe quem está em muitas das fotos, então os cegos deveriam poder ter o mesmo privilégio;

“Acho que tenho direito a essa informação. Estou pedindo uma informação que já está disponível para quem vê. É uma questão de igualdade”.

Fonte: O Globo




Deixar uma Resposta

Você precisa estar logado para postar um comentário.