Por José Carlos Morais
Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de esporte, locais de espetáculos e de conferências e similares, serão reservados espaços livres e assentos para a pessoa com deficiência, de acordo com a capacidade de lotação da edificação, observado o disposto em regulamento.
§ 1º Os espaços e assentos a que se refere este artigo devem ser distribuídos pelo recinto em locais diversos, de boa visibilidade, em todos os setores, próximos aos corredores, devidamente sinalizados, evitando-se áreas segregadas de público e obstrução das saídas, em conformidade com as normas de acessibilidade.
Submeter as pessoas com deficiência a áreas específicas como às do Planet é cruel. Há quem goste de sentar ali. Ótimo, mas a LBI é clara – “os assentos devem ser distribuídos em locais diversos”, assim agradarão gregos e troianos. O Espaço Reserva Cultural, na mesma Niterói, já mostrou o caminho das pedras. O acesso é pela parte de cima e assim confortavelmente podemos sentar ao lado de nosso acompanhante.
Durante os Jogos Rio 2016, aproveitei a paixão pelo esporte, o evento no quintal de casa e a certeza da boa acessibilidade, prometida pelo meu amigo Augusto Fernandes e fui a quase todas as arenas na Olimpíada e na Paraolimpíada. Em todas elas os lugares determinados para os cadeirantes eram bem localizados.
A experiência na arena de vôlei de praia merece ser contada. Com piso adequado, pude circular pelas areias de Copacabana e através de rampas que torneavam as arquibancadas cheguei com tranquilidade ao local a mim destinado. Incrível! Um cadeirante assistir vôlei de praia, no meio de uma arquibancada cravada em plena Princesinha do Mar era algo inimaginável. Tudo ia muito bem até o primeiro ponto decisivo do set. Abro um parêntesis, para explicar que em muitos estádios, um locutor tem a imbecil missão de comandar o público através de palavras de ordem. Enfim, um chato. Mas, botemos essa observação na conta da velhice do cronista. De volta ao ponto, o entusiasmado locutor convoca a todos para ficarem em pé. Hello!!!!! E eu aqui, cara pálida? Enfim, resumindo a bagaça, o estúpido pedido foi repetido a cada ponto final e assim não pude assistir a nenhum set-point.
Servem de exemplo também outros estádios onde a torcida brasileira não resiste ficar em pé, frente ao contra-ataque decisivo, a cesta eminente de três pontos e a cortada certeira. Seria um exemplo de barreira atitudinal?
Sem dúvida, tudo isso é outro bom motivo para explicar minha paixão pelo tênis, onde a calada torcida mexe pausadamente sua cabeça, numa elegante coreografia. Assim sentada, permite ao cadeirante assistir tantos set-points como os oferecidos ao grande público.
Leia também:
Episódio 1 – Tratamento Prioritário
Episódio 2 – Mobilidade reduzida