Contextualizando dados do IBGE (2010), que apontam para uma grande parcela da população brasileira com algum tipo de deficiência, o objetivo do estudo foi identificar as características, comportamentos de consumo e necessidades dos turistas (reais e potenciais) com deficiência.
A partir dos resultados coletados, o que se propõem é que este conhecimento sensibilize a cadeia produtiva do turismo para a adequação dos serviços oferecidos.
Foram pesquisados dois grupos distintos de pessoas com deficiência: os chamados turistas “reais” e turistas “potenciais”, que residem atualmente nas cidades de Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Curitiba.
Os turistas “reais” são aqueles que viajaram a lazer para algum destino turístico brasileiro nos últimos 12 meses. Já os turistas “potenciais” são aqueles que não viajaram no último ano, mas que pretendem viajar a lazer para algum destino turístico nos próximos 12 meses.
O estudo foi realizado com cinco grupos focais, formados por pessoas com os quatro tipos de deficiência (visual, auditiva, física e intelectual); foram feitas também entrevistas em profundidade, entre os dias 13 e 20 de maio de 2013. Os participantes, num total de 80 pessoas, moravam nas cidades de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre, principais centros emissores de turistas.
Perfil dos turistas
A análise das atividades praticadas nas viagens levou a identificação de perfis organizados diferenciados que foram organizados em quatro segmentos:
Pacatos e receosos – Geralmente suas viagens destinam-se a visitar parentes e familiares. Preferem ficar em casa, assim como fazem em suas cidades de origem. Quando saem, o fazem na companhia dos familiares que lhes prestam toda atenção e auxílio.
Querem conhecer – Viajam para conhecer pontos turísticos específicos. É importante registrar com fotos e filmagens os locais onde estiveram. Gostam de fazer isso na companhia de amigos. Aproveitam também o comércio local (gastronomia, artesanatos, produtos com preços diferenciados).
Históricos e Culturais – Se interessam muito pela parte histórica e cultural das cidades onde vão. Procuram se inteirar sobre tudo que envolve história, cultura e artes. Entre suas atividades, destacam-se idas a museus, teatros, cinemas e marcos históricos.
Ousados e Corajosos – Viajam em busca do novo e do inusitado. Se lançam em busca de atividades que os levem a romper limites. Estão em busca do desafio, mas não o fazem de modo irresponsável, procuram se assegurar de que estarão bem. Entre estes, nota-se a presença daqueles que curtem esportes radicais e ecoturismo.
Resultados
Quando se analisa as atividades realizadas na esfera de consumo e lazer, a pesquisa revela que esse público está envolvido com um grande número de ocupações como visitar a família, ir ao cinema, navegar pela internet, encontrar amigos, estudar, ir ao shopping, participar de eventos voltados para pessoas com deficiência e viajar.
Navegar na internet e viajar são as duas atividades mais presentes na vida dos pesquisados. A investigação sobre os hábitos de mídia trouxe a internet como sendo o canal principal utilizado e que, entre os fatores que motivam suas viagens, estão: conhecer novos lugares, novas culturas, ver novas paisagens ou mesmo, especificamente, ir à praia.
Mas a pesquisa destaca que as pessoas com deficiência procuram planejar bem suas viagens, pois ele minimiza riscos, conferindo mais segurança e tranquilidade na viagem, permitindo também a criação de contingências (para evitar perda de tempo, gastos extras e constrangimentos), e que pesquisas de preço sejam feitas para que se chegue a uma maior economicidade.
As cidades que oferecem melhor acessibilidade no país são: Recife, São Paulo, Socorro (SP), Rio de Janeiro e Curitiba. Aquelas que oferecem menor acessibilidade, na opinião dos participantes, são Manaus, Goiânia, interior de Goiás, Pantanal, praias em geral e Brasília. As que foram avaliadas medianamente são Natal, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Os respondentes espontaneamente declaram também que existem cidades onde as pessoas são mais receptivas, atenciosas e prestativas (São Paulo, Recife), assim como existem aquelas onde as pessoas são indiferentes e menos capacitadas (Curitiba, Fortaleza, Rio de Janeiro).
Fonte: SEBRAE.