Bancária cega tem ajuda de voluntários em concurso

Bancária com deficiência visual tem ajuda de voluntários em concurso

A bancária Nedina Silva, que tem deficiência visual, conseguiu melhorar de vida com muito estudo e com o apoio do programa Voz Amiga, que atende pessoas que não sabem ou não podem ler, do Poupatempo.

As boas imagens que Nedina guarda na memória são da infância na área rural de Novo Brasil, em Goiás. Os pais, agricultores, achavam que ela tinha ‘vista curta’, pois não enxergava no escuro. Ela e dois irmãos sofriam de retinose pigmentar, doença hereditária que degenera a retina e deixa a pessoa gradativamente cega. Ela só descobriu isso tarde demais quando a cegueira era irreversível.

Apesar das dificuldades que o destino lhe impôs, Nedina Silva, 49 anos, moradora de Cidade Tiradentes, no extremo Leste de São Paulo, comemora vitórias como uma filha de 26 anos chamada Jennifer, a barriga ‘chapada’ após uma cirurgia plástica no abdômen e para colocar silicone nos seios.

“Eu não enxergo, mas quero ser bem vista”, explica Nedina, que saiu da roça aos 16 anos para trabalhar como doméstica, e depois foi operária em uma fábrica de caixas de papelão, atendente de uma empresa de mensagens via telefone e vendeu brigadeiros nas ruas de Franca. “Eram os melhores brigadeiros da cidade”, diz Nedina, que também já vendeu canetas dentro de ônibus em São Paulo para pagar um curso de massoterapia e sustentar a filha após separar-se do marido.

A vida de Nedina começou a mudar quando ela dedicou-se aos estudos e aprendeu braile. Quando já não tinha visão alguma, disputou uma vaga em um concurso para bancária e passou, graças ao apoio que recebeu de voluntárias do programa ‘Voz Amiga’, no Poupatempo Itaquera. O programa reúne pessoas dispostas a dedicar algumas horas de leitura por semana para quem não pode ver ou não sabe ler. “Eles liam as lições, eu gravava tudo e depois escrevia em Braile para estudar a noite”, conta Nedina. Os voluntários ficaram orgulhosos quando ela voltou para agradecer o apoio e contar que o esforço deu resultado.

Hoje, dona de um apartamento em um conjunto habitacional popular, ela toma oito conduções diárias para ir e voltar do emprego em uma instituição financeira, onde é monitora de atendimento. Vaidosa, já fez curso de maquiagem e prefere não aparecer nas fotos de bengala. E sonha em voltar ao consultório do cirurgião plástico: “Quero tirar algumas rugas do pescoço e suspender um pouco as bochechas”, diz. Seu sonho é trabalhar na televisão.

Fonte: Revista Incluir.




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