Projeto busca incentivar uso da tecnologia para resolver problemas da comunidade. Adolescentes aprenderam noções de programação e de empreendedorismo.
Cerca de 60 adolescentes de 14 e 15 anos, estudantes de escola pública, passaram uma semana em uma universidade particular de São Paulo desenvolvendo projetos que usam a tecnologia para solucionar problemas da comunidade. Três grupos escolheram um objetivo específico: levar maior conforto a pessoas com deficiência.
Após assistirem a aulas e a workshops sobre engenharia e empreendedorismo, os jovens dessas equipes projetaram e programaram protótipos – usaram impressoras 3D, cortadoras a laser e outras máquinas de laboratório. Eles foram orientados por alunos de engenharia do Insper que participam do “TechEdu”, programa que busca ensinar noções básicas de tecnologia para alunos do ensino público.
Milena Maluli, do segundo ano de engenharia, passou seus últimos dias de férias colaborando com um projeto de auxílio a cadeirantes. “A gente quer mostrar que os jovens podem usar a tecnologia para solucionar problemas. Aprendem a programar, a entender o usuário e melhorar o projeto a cada protótipo”, afirma. Warlen Rodrigues, outro monitor, reforça a importância de mostrar aos estudantes a possibilidade de concretizar seus planos. “Com esses conceitos que a gente passa para eles, dá para eles perceberem que as ideias são boas e que podem ser desenvolvidas”, diz.
Mão motorizada
Os alunos participantes foram selecionados pelo Ismart Online, plataforma virtual de estudos.
Um dos grupos é formado por seis meninas e um menino, todos alunos de diferentes escolas estaduais de São Paulo: Maysa Francisquini, Mariana Campos, Marianna Moura, Manoela Souza, Maria Eduarda Alves, Marjhoree Bilandzic e Maicon Gambini. Eles perceberam que é incomum ver cadeirantes sozinhos em supermercados. “Eles não conseguem alcançar as prateleiras mais altas sem a ajuda de alguém. Por isso, quisemos desenvolver uma prótese de braço, com uma mão robótica”, diz Marianna.
O protótipo inicial foi feito em papelão cortado a laser, com canudos, barbante, cola quente e elástico, e programado para ter o movimento dos dedos. Depois, o projeto avançou para o MDF (tipo de madeira). Em setembro, os alunos vão se reunir novamente para concluir o projeto.
“Depois de a gente conseguir finalizar a mão motorizada, o objetivo vai ser acoplá-la em um carrinho de supermercado. Aí a pessoa com deficiência não precisa se preocupar em ter alguém que empurre para ela. É só usar a mão motorizada para pegar o objeto que está no alto – e a máquina já coloca o produto no carrinho”, explica Maysa.
Óculos e tornozeleira
Outro grupo decidiu focar nas dificuldades de uma pessoa com deficiência visual conseguir andar na rua sem o auxílio de uma
bengala ou de um cão-guia. “A gente queria que o cego pudesse andar com as mãos livres”, diz Giselle Toledo, de 15 anos.
Para concretizar o projeto, ela se uniu a Karina Deamo e a Selena Passos, também de 15 anos, para criar óculos e tornozeleiras com sensor. “Os óculos detectam obstáculos que aparecem na altura da cabeça, como um orelhão ou uma placa, e apitam. Já a tornozeleira vibra se aparece algo pelo chão”, explica Karina.
Pulseira com sensor
As pessoas com deficiência visual também foram o público-alvo do grupo de Nicolas Steigmann, Luiz Henrique de Paula, Thomas Pilnik, Miriã Gonçalves e Nathan Avoletta. Alguns integrantes da equipe conheciam cegos que enfrentavam um mesmo problema: não encontravam utensílios básicos em casa, como a carteira, a chave ou a bengala.
A solução foi criar uma pulseira com sensor. “A pessoa precisaria colar um adesivo específico nos objetos que ela quer monitorar. Aí, quando apertar o botão da pulseira, esses itens disparam um alarme”, explica Nicolas.
Pela audição, os cegos conseguiriam facilmente localizar seus pertences. “A gente quer dar mais autonomia a eles”, completa.